Muita gente chega ao consultório do endocrinologista dizendo: “eu tenho tiroide”, sem entender ao certo o que isso significa.
Algumas doenças da tiroide se apresentam com produção deficiente, outras com produção excessiva dos hormônios. Segundo a Associação Americana de Tiroide, uma em cada oito mulheres vai desenvolver algum problema de tiroide durante a sua vida. O mais comum é o hipotiroidismo causado pela Tiroidite de Hashimoto. Os sintomas clínicos são bastante inespecíficos, por exemplo, cansaço, sonolência, constipação intestinal, etc.. A outra alteração no funcionamento é o hipertiroidismo, cujos sintomas mais frequentes são nervosismo, taquicardia, emagrecimento, tremores finos de extremidades entre outros. A melhor forma de avaliar o funcionamento da tiroide é por meio da dosagem do TSH, que é o hormônio estimulador da tiroide. Apesar de ser pequena, ela é muito importante no funcionamento de vários órgãos e em todo o metabolismo.
Entretanto é importante lembrar que nem todas as doenças da tiroide cursam com alterações hormonais. É o caso dos nódulos da tiroide, que inicialmente devem ser avaliados com a ultrassonografia.
A obesidade atualmente é compreendida como uma doença crônica, isto significa que, assim como a hipertensão e o diabetes, precisa de acompanhamento para toda a vida. O tratamento precisa ser individualizado e requer, além da mudança de estilo de vida, muitas vezes o uso de medicamentos. Felizmente a medicina avançou muito nos últimos anos, o que nos permite prescrever drogas seguras para o tratamento da obesidade.
A menopausa é uma fase da vida que chega para todas as mulheres. Ela representa o fim do período fétil, quando os níveis dos hormônios reprodutivos, o estrogênio e a progesterona, caem abruptamente.
Isso promove diversos impactos no corpo, gerando incômodos como ondas de calor, insônia, irritabilidade, ressecamento vaginal, suores noturno e diminuição da libido. Todavia, alguns distúrbios são “silenciosos”, como os maiores riscos de doenças cardíacas e osteoporose.
Contudo, podemos realizar cuidados na menopausa e no climatério (fase anterior ao fim da vida fértil), a fim de amenizar os desconfortos e promover maior bem-estar e saúde. Um exemplo é a reposição hormonal que, como o próprio nome já diz, repõe no organismo os hormônios que estão em deficiência.
Muito se fala a respeito dos tipos de diabetes, sendo os mais conhecidos o Tipo 1 e Tipo 2, entretanto, existem mais tipos e subtipos de diabetes. A classificação correta é importante para que o tratamento seja adequado e se atinja o controle metabólico. Muitas vezes o paciente não está conseguindo controlar seus níveis de açúcar no sangue porque o medicamento não é o mais eficaz para o seu tipo de diabetes. Atualmente existem vários grupos de drogas para o tratamento, com diferentes mecanismos de ação, cada um com sua especificidade. Ou seja, dependendo do tipo de diabetes uma droga pode ser mais ou menos eficaz, e na maioria das vezes a associação de medicamentos com atuação complementar levam a um melhor resultado.
Mas, seja qual for o tipo de diabetes, é importante manter a glicemia sob controle para evitar as complicações.
A principal causa de doenças ateroscleróticas, como por exemplo o infarto do miocárdio, são níveis elevados de LDL colesterol, popularmente conhecido como “colesterol ruim”. Isso pode ocorrer por um fator genético, por isso deve se investigar a história familiar, saber se algum familiar de 1º grau infartou prematuramente, masculino <55 anos e feminino <65 anos.
É muito importante entender que o colesterol elevado vai se depositando nas artérias ao longo da vida, ou seja quanto mais precocemente for diagnosticada a alteração nos lipídeos maiores as chances de se evitar um infarto, um acidente vascular cerebral ou problema arterial nos membros inferiores.
É a doença hepática mais comum, calculando-se que afeta cerca de 30% da população mundial.
Popularmente conhecida como “gordura no fígado” a esteatose hepática mudou de nome, atualmente é “doença hepática esteatótica metabólica”. Esta nomenclatura sem dúvida é mais precisa porque expressa o mais importante que é a sua natureza metabólica e está intimamente relacionada à síndrome metabólica, diabetes tipo 2 e doença cardiovascular. A doença hepática esteatótica metabólica pode evoluir para esteato-hepatite e até para a cirrose hepática, de uma forma inteiramente assintomática.
As suprarrenais recebem este nome por se situarem sobre os rins. Elas são glândulas extremamente importantes por produzirem o cortisol, esteroides sexuais e aldosterona.
Atualmente, com o aumento da frequência de realização de exames de imagem do abdômen, é bastante comum a observação de nódulo nestas glândulas. É o que chamamos de incidentalomas que devem ser avaliados e acompanhados por endocrinologista.
As doenças de suprarrenais são pouco comuns, e podem ser por aumento ou diminuição na produção dos hormônios, e o quadro clínico vai depender de qual hormônio está alterado. Assim por exemplo, uma pessoa que tem aumento da produção do cortisol poderá ter aumento da gordura visceral, estrias violáceas, hipertensão arterial e diabetes. Se a elevação for da aldosterona, o paciente também poderá ter aumento da pressão arterial e níveis de potássio baixos, entretanto não terá os outros sinais.
É um distúrbio bastante comum e que se manifesta de diferentes formas. Pode ser com irregularidade menstrual, acne, aumento dos pelos no rosto, seios e abdômen, infertilidade ou até mesmo não ter qualquer manifestação clínica. O tratamento vai depender em parte do quadro clínico que a paciente apresenta e em parte de qual momento da vida está. Por exemplo, se a mulher está querendo engravidar o tratamento será focado na ovulação. Por este motivo, a terapêutica deve ser individualizada, mas é sempre fundamental a mudança de estilo de vida. A prática de atividade física e alimentação saudável melhora a resistência insulínica, causa de alguns problemas da Síndrome de Ovários Policísticos.
Durante a gravidez, o corpo da mulher passa por diversas alterações hormonais. Porém, infelizmente algumas podem gerar danos à saúde, como a diabetes gestacional, ou seja, os altos níveis de glicose no sangue.
Portanto, é fundamental que a gestante tenha o acompanhamento com o médico endocrinologista para que possa viver uma gravidez mais saudável.
A testosterona é o hormônio reprodutivo masculino, mas alguns homens podem apresentar baixos níveis dele no corpo.
Isso promove a perda da libido, fadiga, depressão, diminuição da massa magra, ganho de gordura corporal e problemas de memória, entre diversos outros incômodos.
A boa notícia é que podemos tratar essa condição com a reposição hormonal, mas ela deve ser planejada de acordo com a saúde de cada paciente.
Esta é a causa mais comum de distúrbio do eixo hipotálamo-hipofisário, mais comum em mulheres, mas pode ocorrer também em homens.
A prolactina é o hormônio responsável pela amamentação e quando se eleva em outras fases da vida pode levar a alterações do ciclo menstrual, presença de secreção lactescente nas mamas fora da gestação e com menor frequência acne e aumento do peso. Níveis elevados interferem no funcionamento dos ovários e dos testículos.
A hiperprolactinemia pode ter como causa o uso de certos medicamentos, como por exemplo alguns antidepressivos, antipsicóticos, anti-hipertensivos e antieméticos (medicamentos usados para refluxo gastroesofágico e dispepsia) ou devido a alterações na região hipotálamo-hipofisária.
O tratamento vai depender da causa, mas na grande maioria das vezes o tratamento é clínico e o prognóstico excelente.
A osteoporose é uma doença silenciosa que afeta principalmente mulheres, mas que também pode acometer homens. Nas mulheres, a mais comum é a que ocorre após a menopausa, entretanto pode ocorrer em outras fases da vida devido, por exemplo ao hipertireoidismo, hiperparatiroidismo, doença celíaca ou por uso de corticoide.
O osso é um tecido vivo que está constantemente sendo quebrado e substituído. A osteoporose ocorre quando a criação de osso novo não acompanha a perda de osso antigo.
Por ser assintomática, muitas vezes só é diagnosticada quando ocorre uma fratura. Diante de um quadro de osteoporose o endocrinologista investigará a causa e fará o tratamento indicado para cada caso, com medicamento que diminua a perda óssea.
A cirurgia bariátrica é um grande marco na vida e o paciente precisa ter muito apoio para enfrentar as mudanças no corpo, tanto as estéticas, quanto as da saúde em si.
O médico endocrinologista faz parte da equipe de apoio, auxiliando nas avaliações dos exames pré-operatórios e também nas adaptações necessárias após o procedimento.
Durante o envelhecimento, existem várias alterações hormonais as quais precisam ser analisadas perante o contexto clínico do indivíduo, pois nem sempre a idade biológica corresponde à idade cronológica. Com o aumento da expectativa de vida é cada vez mais importante este olhar especializado.
A Síndrome Metabólica (SM) é um conjunto de fatores de risco que aumentam as chances de desenvolver doenças cardíacas, derrame e diabetes tipo 2. Esta síndrome tem como base a resistência à ação da insulina, popularmente conhecida como “Síndrome de Resistencia Insulínica”. Os principais fatores que contribuem para o seu aparecimento são: genético e estilo de vida. Para ser diagnosticada, é necessária a presença de três dentre cinco fatores: aumento da circunferência abdominal (superior a 88cm na mulher e 102 cm no homem); hipertensão arterial; glicemia alterada; aumento dos triglicerídeos (maior que 150 mg/dL0 e níveis baixos de HDL-colesterol (40 mg/dL em homens e 50 mg/dL em mulheres).
Olá!!! Eu gostaria de falar um pouco a meu respeito para você me conhecer antes de marcar sua consulta.
Nasci e cresci no Rio de Janeiro e não tinha certeza de qual profissão seguir, mas sabia que queria ajudar as pessoas. Entrei para a Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense (FM/UFF) e, logo no início, apaixonei-me por Endocrinologia e Metabologia. Até hoje me maravilho com o modo como o organismo funciona, a atuação dos hormônios e a interação dos vários sistemas.
Na ocasião, ainda era uma especialidade muito pouco conhecida e existiam poucos endocrinologistas no Brasil. O maior centro de referência era o Instituto Estadual de Diabetes e Endocrinologia (IEDE), no centro do Rio de Janeiro, e foi onde escolhi fazer a especialização.
Nesse período, eu já estava trabalhando como clínica na Faculdade de Medicina de Teresópolis. Portanto, para mim, fazia sentido realizar também o mestrado. Comecei assim a minha carreira acadêmica. Permaneci na Faculdade como responsável pela Endocrinologia e Metabologia durante vinte anos, até que resolvi voltar a morar no Rio de Janeiro.
Na minha volta, fui procurar a minha “casa mãe”, o IEDE. Lá, além de atender pacientes, tive a grande oportunidade de ser professora na pós-graduação e na Residência Médica. O meu setor foi, durante muitos anos, o Serviço de Diabetes, que se tornou a minha maior área de atuação.
Em 2007 aceitei entrar para a diretoria da Regional Rio de Janeiro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, tendo sido eleita presidente por dois mandatos seguidos.
No IEDE, eu permaneci até quando recebi o convite de assumir a disciplina de Enfermidades Prevalentes em Endocrinologia e Metabologia na Faculdade de Medicina de Vassouras, onde trabalhei até 2022.
Durante a pandemia, resolvi entrar em uma ONG com o objetivo de dar teleatendimento para pacientes carentes. A possibilidade de ajudar pessoas que não têm acesso a médicos especialistas é para mim muito gratificante.
Sei que a minha jornada na Medicina ainda tem muito a oferecer e estou cheia de energia para continuar cuidando do próximo!